Fatores fisiológicos que determinam o desempenho de resistência correndo em declive vs aclive.

Correr no plano é uma coisa, mas e quando a gente precisa subir e descer, correr com aclive (A) e declive (D) é muito diferente?

Pois bem, olha o que os pesquisadores de duas universidades francesas fizeram para estudar esse problema. Convidaram dez atletas de resistência, do sexo masculino e altamente treinados, para correrem forte uma trilha de montanha de 5 km (inclinação de ± 8%). Um dia eles corriam para cima e três dias depois para baixo. Em outros momentos, já dentro do laboratório, separados por três dias também, mediram o consumo máximo de oxigênio, a força máxima extensora de membro inferior, a resistência muscular local, a rigidez musculotendinosa da perna, a habilidade/capacidade vertical de salto, a força explosiva/agilidade e a velocidade de sprint.

Para você ter ideia de quem eram esses atletas eis aqui algumas características (valores médios do grupo): idade = 37 anos; estatura = 1,78; peso = 64,8 kg; IMC = 20,5 kg/cm2; gordura corporal = 6,4%; V̇O2máx = 70,4 ml.kg-1.min-1.

Como se esperava, a velocidade de corrida foi bem maior no D (20,4 km/h), descendo em 14 minutos, do que no A (12,0 km/h), onde a subida demorou em média 24 minutos.

E o que acontecia com a com frequência cardíaca? Descendo e subindo foram semelhantes com 95% da frequência cardíaca máxima (171 bpm).

E com o V̇O2? O consumo e oxigênio era maior na subida (85% vs 89% do V̇O2máx).

E com a quantidade de respirações por minuto? Descendo 58 e subindo 64.

Interessante que o lactato sanguíneo medido foi semelhante nas duas situações (11 mmol-1).

E quais variáveis podem predizer melhor os desempenhos em A e D? Ou seja, para eu saber se posso correr bem na subida e na descida o que posso verificar? Para a subida, a velocidade atingida quando se mede o V̇O2max (vV̇O2max), o índice de massa corporal (IMC) e a força extensora máxima foram bons preditores do desempenho. Para a descida, a vV̇O2max, a rigidez musculotendinosa da perna (considerando uma sequência de 7 saltos verticais seguidos) e força extensora máxima foram bons preditores.

Os pesquisadores concluíram que os desempenhos podem ser bem explicados por três preditores independentes. Dois preditores compartilhados entre a corrida para cima e para baixo (vV̇O2max e força máxima), e um terceiro preditor parece muito específico para a modalidade de exercício, ou seja, IMC para A e rigidez musculotendinosa da perna para D.

Publicação original: Lemire M, Hureau TJ, Favret F, Geny B, Kouassi BYL, Boukhari M, Lonsdorfer E, Remetter R, Dufour SP, Physiological factors determining downhill vs uphill running endurance performance, Journal of Science and Medicine in Sport (2020), doi: https://doi.org/10.1016/j.jsams.2020.06.004.

Analisando o artigo:

Apesar de terem sido somente 10 atletas, e do sexo masculino, a pesquisa oferece informações valiosas e práticas. É bom lembrar que o IMC não identifica a quantidade de massa magra ou massa gorda.

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