Uso de máscara facial no esporte: prós e contras para os atletas

Os atletas podem ou devem usar máscaras quando treinam ou competem?

Devido à pandemia de SARS-CoV2, as máscaras médicas são amplamente recomendadas para um grande número de indivíduos e por longos períodos. O efeito do uso de uma máscara cirúrgica e uma máscara facial FFP2/N95 na capacidade de exercício cardiopulmonar não foi relatado sistematicamente.

Aqui no Brasil, como em outros lugares do mundo, tem se utilizado outros tipos de máscaras, porém testar todas seria impossível.

Os pesquisados da Universidade de Leipzig, Alemanha, então consideraram que além dos profissionais de saúde, informações sobre os efeitos cardiopulmonares das máscaras faciais em adultos saudáveis podem ser importantes para diferentes grupos de indivíduos.

As partículas de vírus nas gotículas respiratórias podem ser transmitidas em maior extensão durante diferentes formas de esforço físico, muitos esportes ou atividades amadores e profissionais. As máscaras faciais foram, portanto, discutidas como um meio de se envolver nessas atividades para uma ampla gama de indivíduos.

Assim, criar um estudo cruzado randomizado para fornecer uma quantificação detalhada do efeito das máscaras cirúrgicas e FFP2/N95 na capacidade pulmonar e cardíaca em adultos saudáveis.

Eles colocaram 12 homens saudáveis (idade 38,1±6,2 anos, IMC 24,5±2,0 kg/m2) para realizarem testes máximos, de forma aleatória, em um cicloergometro em três situações: sem máscara; com uma máscara cirúrgica; com uma máscara utilizada pelos profissionais da saúde. As respostas cardiopulmonares e metabólicas foram monitoradas por ergoespirometria e cardiografia de impedância. Dez domínios de conforto/desconforto do uso de máscara foram avaliados por questionário.

Resultados de redução nas condições de desempenho foram observados, o mesmo acontecendo para um agravo da sensação de desconforto.

Os parâmetros de função pulmonar foram significativamente menores com a máscara; a potência máxima foi reduzida; a ventilação foi significativamente reduzida com as duas máscaras; a resposta de pico de lactato sanguíneo foi reduzida com a máscara. O débito cardíaco foi semelhante com e sem máscara.

Os participantes relataram desconforto consistente e acentuado ao usar as máscaras, principalmente à N95.

Eles concluíram que as máscaras faciais médicas têm um impacto negativo acentuado na capacidade cardiopulmonar que prejudica significativamente as atividades físicas e ocupacionais extenuantes.

Além disso, as máscaras médicas prejudicam significativamente a qualidade de vida de seus usuários. Esses efeitos devem ser considerados versus os potenciais efeitos protetores das máscaras nas transmissões virais.

Os dados quantitativos deste estudo podem, portanto, informar recomendações médicas e formuladores de políticas.

FIKENZER, S.; UHE, T.; LAVALL, D.; RUDOLPH, U.; FALZ, R.; BUSSE, M.; HEPP, P.; LAUFS, U. Effects of surgical and FFP2/N95 face masks on cardiopulmonary exercise capacity. Clinical Research in Cardiology, 2020. https://doi.org/10.1007/s00392-020-01704-y

Analisando o artigo

A partir da leitura do artigo e das observações feitas pela revista PeakPerfomance, as recomendações são as seguintes:

Esses resultados são de natureza inequívoca. Podemos resumir as conclusões assim:

* Usar uma máscara prejudica o desempenho do exercício de alta intensidade.

* Quanto maior a capacidade de filtragem da máscara (ou seja, quanto mais proteção ela oferece ao usuário), mais ela prejudica o desempenho do exercício.

* Quanto maior a intensidade do exercício realizado, maior o impacto negativo da máscara.

O que essas descobertas significam para os atletas?

Em geral, podemos dizer que ao se exercitar em um ambiente em que o risco de transmissão de vírus é baixo – ou seja, ao ar livre e longe de outros – o uso de máscaras não é apenas desnecessário, mas também pode ser contraproducente, especialmente quando a intensidade do exercício é alta (por exemplo, treinamento intervalado, situação de corrida etc.).

Para a maioria dos atletas de resistência que realizam treinamento de rotina, o uso de máscaras deve ser desencorajado e, em vez disso, os locais de treinamento devem ser escolhidos onde for possível o distanciamento – ou seja, máscaras não são necessárias.

E os atletas que estão treinando ou competindo nas proximidades, por exemplo, na academia ou em uma corrida com um grande número de outros corredores?

Nesses tipos de situações, o uso de máscaras pode ser benéfico, especialmente em termos de proteção de outros atletas. No entanto, os tipos de máscara N95, embora ofereçam uma filtragem muito eficaz, provavelmente comprometem o desempenho em um grau inaceitável.

Uma máscara cirúrgica mais frouxa, por outro lado, embora não ofereça tanta proteção ao usuário, ainda ajuda a proteger outras pessoas próximas e resulta em menor redução na capacidade de exercício (embora ainda não seja livre de impacto).

No geral, considere o uso de máscaras como uma estratégia útil para proteger outras pessoas em ambientes lotados ou fechados, mas entenda que, embora possam oferecer benefícios de transmissão de vírus, eles têm um custo para o desempenho do exercício!

 

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3 Comentários


  1. Muito interessante, pois geralmente as informações que nos chegam, nem sempre tem esse cunho científico.

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